Em entrevista realizada especialmente para o MARCA BRASIL, Emerson Sheik abre o seu coração, fala do passado e do futuro dentro do futebol. Além disso, opina sobre assuntos mais picantes, entre eles, sobre jogos de sedução e assédio dos torcedores. Leia abaixo, os principais trechos de um Emerson Sheik destrinchado e sincero.
MARCA BRASIL: Você é o cara do momento?
Emerson: Não sei, sou? (risos) Cada um tem a sua parcela, cada um contribuiu de uma maneira, sozinho jamais. Futebol é um esporte coletivo em que um precisa do outro. Claro que sei da minha parcela de contribuição, sei que ajudei bastante.
MB: Você é muito autoconfiante? Tem uma hora no jogo contra o Boca Juniors que você pede pra um cara bater na sua cara.
E: Parte da cultura do futebol argentino tem esse lance de provocação, de irritar o adversário. Eles sempre vêm aqui e fazem isso. Percebi que o (Matias) Caruzzo, zagueiro, estava bem alterado e fiz ele provar do próprio veneno.
MB: Você tem sangue frio?
E: Não. Sou explosivo, cabeça quente pra caramba e não levo desaforo pra casa. Naquele momento, com 33 milhões de torcedores do Corinthians e pela importância daquele jogo, tentei me controlar ao máximo.
MB: Você pretende ficar no Corinthians por muito tempo? Você recebeu uma proposta da China, né?
E: Tenho contrato com o Corinthians até o ano que vem. Os chineses vieram atrás, sim. Um clube do Catar também. Já tinha recebido uma proposta muito boa do Catar no ano passado. Não fui pelos meus filhos, tinha acabado de me separar. Entendi que naquele momento eu tinha que ficar no Brasil. Hoje, eu não iria pelo Corinthians.
MB: Morar no Brasil é melhor que morar fora?
E: Morei seis anos em Tóquio. A cidade é fantástica. Morei também em Dubai, morei na França. O futebol só me deu alegria mesmo, só morei em lugar bacana, só que nada se compara ao Brasil e sou apaixonado pelo Rio. Mas me adaptei bem aqui em São Paulo. Vou ao Rio e fico querendo voltar. Carioca querendo voltar pra São Paulo é complicado, né? Mas o que me faz falta aqui são as praias.
MB: Como é o Sheik?
E: Sou tranquilão, simples, venho de família e de um lugar simples. Sou de Nova Iguaçu. As coisas deram certo na minha vida por causa do futebol. Não ando por aí badalando direto, gosto das minhas saidinhas, mas tento ficar longe das câmeras.
MB: A fama não te fascina?
E: Não curto estar em lugares e ser fotografado cheio de mulheres ao meu lado. O jogador de futebol já é marginalizado no Brasil. Já escutei duas ou três vezes dizerem ‘estudei a vida inteira e não ganho metade do que esse favelado ganha’. O atleta já é marginalizado por isso. Se ainda junta com esse lance de noitada e mulheres, complica. Nem sempre essas mulheres são uma boa companhia, a verdade é essa.
MB: Quando uma mulher se aproxima de você, você que tipo é?
E: Não sou santo, mas seleciono, não vou a qualquer balada, não gosto, não é qualquer pessoa que entra na minha casa. Tenho esse tipo de cuidado.
MB: Você se preocupa com a sua imagem?
E: Sim. Minha imagem já não é muito legal pelos envolvimentos em certas situações, como a minha saída do Fluminense e outros acontecimentos. Então, tomo o máximo de cuidado. Além disso, meu filho já está fuçando a internet, vendo tudo.
MB: Seu filho é Emerson, mas você não é Emerson, né?
E: Emerson era apelido. Pra jogar, na época em que morava em Nova Iguaçu, um amigo (leia-se agente) chegou com uma documentação. A vida era muito difícil, nem casa a gente tinha. Peguei o documento, usei e fui pro São Paulo. Nem precisava disso, mas já era tarde (com a apresentação desses documentos fez-se uma manobra para que Emerson se apresentasse como um jogador mais novo).
MB: O que o futebol e o dinheiro podem te dar?
E: Pela educação que minha mãe me deu, certamente eu não iria roubar nem matar pra ter uma moradia. A gente ia trabalhar pra caramba e, se não pudesse, ia alugar uma casa pra viver. Minha maior riqueza com o futebol foi o que aprendi, as culturas e idiomas diferentes, as amizades que fiz. O dinheiro, sinceramente, não fica em primeiro, segundo ou terceiro plano, não, cara.
MB: Você se considera iluminado, além de talentoso?
E: Acho que essa luz veio no momento em que Deus me tirou de Nova Iguaçu. A vida era muito difícil, esse é meu maior presente. Claro que ser campeão é maravilhoso, mas, além dos meus filhos, meu maior presente é ter saído de lá.
MB: Você ganha mulher no papo?
E: Se falar que eu ganho mulher pelo meu rostinho, estarei de brincadeira, né? Mas se me deixar falar cinco minutos, aí o negócio começa a ficar esquisito.
MB: Você derruba os adversários, então?
E: Não sou mulherengo, não, tá? Mas gosto do lance da conquista, não gosto de nada fácil, gosto de trabalhar, vamos jantar e tal, gosto do jogo da conquista.
MB: Você pensa em ser comentarista de TV quando se aposentar?
E: Ainda tá longe de me aposentar, sou novinho (risos). Quero viajar, passar uns seis meses nos Estados Unidos pra estudar inglês. Quero voltar a Tóquio, passei momentos inesquecíveis com meus filhos lá. Acho que me empolgaria com algo na TV ligado ao esporte.
MB: E vai se aposentar aqui no Brasil?
E: Estou muito feliz no Corinthians e não tem nada a ver com os títulos. É a maneira como sou tratado, isso não tem preço.
MB: O que mudou com a Libertadores? Você ainda pode andar na rua?
E: Não. E já era bem difícil.
MB: No Rio, o assédio é igual ao de São Paulo?
E: O carioca está mais acostumado a ver artistas em cada esquina. Aqui em São Paulo não tem muito disso. Depois da Libertadores, só saí uma vez. Cheguei no Congonhas num voo comercial. Você não tem noção: tive que esperar numa sala privada pra entrar no avião. Quando entrei e virei, todos os passageiros estavam em pé aplaudindo, dando parabéns.
Reportagem de Léo Dias
Fonte: Marca Brasil
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